sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010
Últimos Segundos
Parecia uma pequena sala de balé, com a diferença de que só havia espaço para o piano – um lindo Baldwin – que havia lá. Quem o tocava? Ninguém, entretanto, uma moça se preparava para fazê-lo. E quem era ela?
Uma moça de 18 anos com o corpo em forma, mas sem realmente ligar para isso. Seus cabelos ruivos e compridos até a cintura formavam pequenos e definidos cachos nas pontas. Apesar disso, não havia frizz algum no mesmo. Seus olhos de um azul-celeste penetrante percorreram toda a superfície do instrumento, cravando-lhe um olhar muito gélido. Seus lábios finos e ressecados crisparam-se levemente e ela pousara suavemente as pontas de seus dedos compridos e finos no instrumento. Suas unhas eram compridas e cuidadosamente pintadas de um branco Paris. Agora ela devia estar pensando em que musiquinha tocaria. Através de seu narizinho de boneca, suspirou profundamente. Pálida, ela.
Vestia roupas muito comuns. Uma babylook branca, uma calça jeans justa e nos pés o velho e esfarrapado companheiro de todas as horas: seu All Star.
O ar em sua volta era cálido. Para um ser-humano isso seria assustador. Como eu não era um ser-humano, isto era muito convidativo.
Fui me aproximando daquela moça ao som fúnebre de seu piano. Sentei-me ao lado dela. Sem notar, ela havia me concedido espaço para tal.
Não fiz absolutamente nada além de ouvir aquela música de funeral e chamá-la para mim.
Depois, saí de lá na companhia de sua alma, sem me preocupar com o que iria acontecer com o corpo inerte de Angelique.
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